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O que define nossa sexualidade é uma interação complexa entre a nossa composição genética, o estímulo ambiental e as influências culturais. As origens de nossa sexualidade ocorrem por ocasião da concepção, quando o material genético de duas fontes do sexo oposto coalesce em um novo indivíduo. A partir daquele momento, a diferenciação sexual ocorre por um processo altamente organizado. Os cromossomos sexuais e os autossômicos ditam o desenvolvimento das gônadas; as gônadas, por sua vez, produzem hormônios, que, então, direcionam o desenvolvimento da genitália interna e externa. Os distúrbios do desenvolvimento e da diferenciação sexual (DDS) surgem a partir de anormalidades nos cromossomos, no desenvolvimento das gônadas ou na produção/atividade hormonal.
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Os DDSs tornam-se aparentes (1) durante o período neonatal, pelos pacientes terem genitália ambígua ou fenótipo discordante do genótipo encontrado por ocasião da amniocentese, (2) por terem desenvolvimento pubertário inapropriado, (3) por terem retardo do desenvolvimento pubertário ou, (4) mais tarde, na vida, por terem infertilidade.
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DIFERENCIAÇÃO SEXUAL NORMAL
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O material genético necessário para o desenvolvimento do fenótipo masculino localiza-se normalmente no braço curto do cromossomo Y (Wilson et al., 1981). O gene crítico, ou região de determinação sexual, no cromossomo Y é conhecido como a região SRY. Os produtos dos genes da cascata genética SRY direcionam o desenvolvimento dos testículos por interação com outros múltiplos genes, tais como SOX-9 (Conte e Grumbach, 2007). A informação genética que se sabe ser necessária para o desenvolvimento masculino e feminino além da diferenciação das gônadas está localizada no cromossomo X e nos autossômicos.
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Diferenciação das gônadas
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As gônadas se desenvolvem a partir das cristas urogenitais (Fig. 43–1), que são formadas durante a 4a semana de gestação pela proliferação do epitélio celômico e condensação do mesênquima subjacente ao longo do mesonefro. As células germinais, localizadas no saco vitelino, migram para as cristas genitais. No estágio inicial do desenvolvimento, a gônada é bipotencial, capaz de formar ou um testículo ou um ovário. Durante a 6a/7a semana de gestação, pelo menos quatro genes diferentes, o gene supressor do tumor de Wilms (WT-1), o fator 1 de Fushi-Tarza (FTZ-F1), o fator 1 esteroidogênico (SF-1) e o LIM-1, induzem o desenvolvimento do testículo. As células germinais primordiais se diferenciam nas células de Sertoli e células de Leydig associadas, que se agregam nos cordões espermatogênicos. O tecido mesenquimatoso frouxo condensa-se em uma camada espessa, a túnica albugínea, que envolve o testículo e separa sua conexão com o epitélio celômico, prevenindo, dessa forma, a migração adicional de células mesonéfricas para dentro do testículo.
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