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Pacientes com câncer das vias urinárias inferiores ou anormalidades anatômicas ou funcionais graves da bexiga podem necessitar de derivação urinária. Embora ela possa ser conseguida pelo estabelecimento de contato direto entre o trato urinário e a superfície da pele, a derivação é realizada mais comumente por incorporação de vários segmentos do intestino ao trato urinário. Praticamente, todos os segmentos do trato gastrintestinal têm sido utilizados para formar reservatórios ou condutos urinários. Nenhuma técnica específica é ideal para todos os pacientes e todas as condições clínicas. A decisão deve basear-se na doença subjacente do paciente e seu método de tratamento, assim como na função renal, na anatomia do indivíduo e na preferência pessoal. O método ideal de derivação urinária seria aquele que mais se aproximasse da bexiga normal: não causasse refluxo, tivesse pressão baixa e fosse continente e não absortivo.
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Os métodos específicos de derivação urinária podem ser classificados de diversas maneiras, inclusive: (1) pelo segmento do intestino utilizado; e (2) se o método proporciona continência completa ou funciona simplesmente como um conduto que transporta a urina da pelve renal ou do ureter para a pele, onde a urina é recolhida em um dispositivo fixado à superfície cutânea. As formas continentes de derivação urinária podem ser subdivididas entre as que são fixadas à uretra (i. e., substituto vesical) ou colocadas no abdome e as que dependem de outro mecanismo para se conseguir continência (reservatório urinário continente).
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ACONSELHAMENTO E PREPARAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIOS
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Todos os candidatos à derivação urinária ou à substituição da bexiga devem receber instruções e preparação pré-operatórias cuidadosas, inclusive a descrição detalhada dos objetivos e das possíveis complicações de cada método. Também é importante conversar sobre qualquer impacto potencial da operação na função sexual, na imagem corporal e no estilo de vida. A satisfação geral da maioria dos pacientes submetidos à derivação urinária parece ser alta (Allareddy et al., 2006; Dutta et al., 2002; Fujisawa et al., 2000a, Hara et al., 2002). Contudo, como não necessitam da aplicação de dispositivos externos, as formas continentes de derivação urinária (principalmente a substituição da bexiga) podem trazer maiores benefícios psicológicos e funcionais a pacientes cuidadosamente selecionados (Bjerre et al., 1995; Okada et al., 1997). Dados mais recentes sugerem que as diferenças na qualidade de vida entre derivação continente e incontinente podem não ser tão significativas como se esperava (Gilbert et al., 2007).
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A anamnese detalhada fornecida pelo paciente deve assinalar qualquer procedimento cirúrgico pélvico ou abdominal, radioterapia ou doença sistêmica no passado. História de ressecção ou irradiação intestinal, insuficiência renal, diverticulite, enterite regional ou colite ulcerativa pode ser particularmente importante quando se contempla a escolha de um método de derivação urinária ou substituição da bexiga. Os exames necessários incluem hemograma completo e dosagens dos eletrólitos séricos, ureia e creatinina. As vias urinárias superiores devem ser examinadas por uretrografia intravenosa, ultrassonografia ou ...