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Aspectos-chave
Os cuidados devem ser individualizados, a fim de atender às necessidades da dupla mãe-bebê, respeitando-se as crenças e opiniões da mulher e de sua família sobre os cuidados nessa fase da vida.
Os problemas mais comuns nesse período devem ser identificados e manejados adequadamente, a fim de promover uma boa qualidade de vida da mulher e do seu bebê.
A busca de sinais indicativos de hemorragia pós-parto, tromboembolia, pré-eclâmpsia/eclâmpsia e sepse é essencial para evitar as principais causas de morte materna (alertas vermelhos).
As intervenções propostas devem ser preferencialmente baseadas em evidências e com benefícios conhecidos.
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Caso clínico
Lúcia, 22 anos, casada há dois anos, estudante, sem problemas de saúde conhecidos, nega tabagismo ou uso de drogas, e raramente consome bebida alcoólica, vem à primeira consulta da revisão puerperal oito dias após o parto de seu primeiro filho. A gestação não foi planejada, mas foi bem aceita. O pré-natal foi realizado sem intercorrências, em sete consultas. Pedro nasceu bem, com 39 semanas de gestação, parto vaginal, sem episiotomia. Lúcia não mora com o pai de Pedro. Ela se apresenta com cefaleia na região occipital, persistente, de intensidade moderada, que iniciou há 6 dias e que tem alívio parcial com paracetamol. Lúcia tem estado ansiosa com os cuidados com o bebê e está preocupada porque ele “chora muito”. Tiago, pai de Pedro, ajuda nos cuidados com o filho sempre que pode. Eles estão pensando em morar juntos, mas Tiago, que é representante comercial, viaja muito e nem sempre está disponível. A família de ambos mora em outro estado, e Lúcia tem se sendido muito sozinha e sobrecarregada. Comparece à consulta sozinha, bastante ansiosa: ela já estava acima do peso e ganhou mais do que o recomendado durante a gestação. Agora está sentindo-se insatisfeita com seu corpo e ansiosa para perder peso.
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A saúde materna é um dos principais determinantes do desenvolvimento de uma comunidade. A saúde da mulher, em especial a segurança da maternidade e as condições para o exercício de direitos humanos associados, como o direito à vida, reflete diretamente o nível de desenvolvimento de uma nação e o grau de redução das iniquidades econômicas e sociais.1
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O puerpério é o período que vai do final do terceiro estágio do trabalho de parto ao retorno do organismo feminino ao estado pré-concepcional, o que leva aproximadamente 6 semanas,2 embora possa chegar a vários meses, no caso de a mulher estar amamentando.3 Esse período envolve alterações fisiológicas, psicológicas, sociofamiliares e culturais, para a mulher e sua família, que necessita adaptar-se à chegada de um novo membro. Embora seja amplamente reconhecida a necessidade de uma adequada atenção à saúde, as necessidades das mulheres nesse estágio são variadas.1
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Para a maioria das mulheres, essa tese não apresenta complicações. Entretanto, o relato de problemas de saúde ocorrendo nas primeiras semanas ...