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Aspectos-chave
A queixa de problemas de ganho de peso e crescimento nem sempre está associada a patologias clínicas.
O acompanhamento ao longo do tempo é essencial para o diagnóstico e o cuidado dos problemas de crescimento e ganho ponderal.
Após os 2 anos de idade, a mudança no canal de crescimento é um sinal de alerta no acompanhamento dos problemas de crescimento e ganho ponderal.
Os exames complementares não têm papel essencial diante da queixa de problemas de crescimento e ganho ponderal.
Em geral, o tratamento não farmacológico é a principal ferramenta para o tratamento dos problemas de crescimento e ganho ponderal mais comuns no contexto da atenção primária à saúde (APS).
O aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade fará com que o cuidado dessas crianças seja mais comum na prática do médico de família e comunidade.
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Caso clínico
Fátima, 32 anos, é mãe de quatro filhos, Talita (1 ano e 8 meses), Tábata (3 anos), Ticiana (6 anos) e Téo (14 anos). Atualmente, ela não trabalha fora e cuida dos filhos, a família depende apenas do trabalho do pai, Antônio. Fátima está sempre na unidade de saúde para o acompanhamento de Talita. Hoje, ela vem à consulta, porque há mais ou menos 2 meses está mais preocupada com Tábata, pois acha que o seu tamanho está menor do que dos seus primos e sua irmã mais nova já está quase da sua altura. Nega quaisquer antecedentes pessoais e familiares relevantes em relação à queixa, nega alterações atuais no hábito intestinal, porém acha que a filha come muito pouco. Está preocupada, pois, no próximo ano, a filha já vai para a creche e tem medo que o problema se agrave. Téo vem sozinho em uma consulta, pois está preocupado com o excesso de peso. Durante a consulta, relata que não se lembra de problemas de saúde da sua infância e não trouxe sua carteira de vacinação. O que o deixa mais triste são os comentários dos colegas de classe sobre seu peso. Após o exame físico, a obesidade é constatada.
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O ganho ponderal e o crescimento são indicadores clínicos importantes do estado de saúde das crianças.1 Além de serem sinais significativos para a equipe de saúde, são, sobretudo, relevantes na opinião dos pais, pois eles têm desejos que os filhos cresçam normalmente e desconhecem a ampla variação da normalidade. Muitas vezes, comparam seus filhos com outras crianças independentemente dos fatores que podem influenciar o crescimento e o desenvolvimento.
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Embora o crescimento seja uma questão importante para a família, as queixas relacionadas aos problemas de crescimento ponderal e de estatura, em geral, são trazidas por pais e cuidadores durante as consultas de rotina das crianças/adolescentes e dificilmente são motivos isolados que levem a uma consulta. Em 2009, em pesquisa realizada na cidade de Florianópolis, foi constatado que apenas 2,4% das consultas ...