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ASPECTOS-CHAVE

Aspectos-chave

  • As atividades sanitárias curativas têm vantagens e desvantagens. As atividades sanitárias preventivas também podem causar dano. Especialmente prejudiciais são as atividades sanitárias desnecessárias.

  • Para manter a confiança da população e dos pacientes nos médicos, é essencial identificar os danos potenciais de nossas atividades e tentar evitá-los.

  • “Prevenir” tem uma aura positiva excessiva. A prevenção pode ser perigosa quando é desnecessária, ou quando causa mais males do que aqueles que evita.

  • O contrato social dos médicos sempre foi referente à cura. Em relação a isso, o paciente é quem solicita uma ação urgente, mesmo com riscos, na esperança de uma melhoria ou resolução. O contrato social que se refere à prevenção exige do médico a certeza dos benefícios e o fundamento científico mais sólido para evitar danos.

  • A prevenção não apenas tem efeitos adversos e danos diversos no plano concreto, mas também provoca danos gerais, como: 1) fomento da “mística” da eterna juventude; 2) mudança da causa principal de morte sem discutir suas consequências; 3) aspiração a uma pornoprevenção que evite todo inconveniente, 4) medicalização da sociedade; 5) paradoxo da saúde (quanto mais saudáveis as populações, mais insatisfeitas com a saúde); 6) frustração do médico diante de uma tarefa impossível de prevenção sem limites; 7) transferência de recursos de saúde pública para a atividade clínica e de velhos para jovens, de doentes para saudáveis, de analfabetos para universitários e de pobres para ricos.

  • A saúde pública e a ação intersetorial perdem prestígio frente à prevenção clínica, o que prejudica toda a sociedade, uma vez que essas respostas costumam ser mais eficientes e equitativas para os problemas de saúde da população.

  • Convém ver a prevenção com precaução.

Médicos também são seres humanos, e sua atividade é humana, ou seja, é imperfeita. Os médicos não são deuses. Os médicos não possuem a varinha mágica dos magos. Os médicos são “curadores”, cientistas sociais com a palavra no centro de uma ação que gira em torno da escuta e do conselho/realização de atividades preventivas e curativas, diagnósticas e terapêuticas.

“Toda atividade sanitária pode causar danos.” Essa afirmação parece exagero, mas é absolutamente verdadeira. Em medicina, não há recomendação, nem conselho, nem prática, nem exame, nem estudo, nem tratamento sem inconvenientes. A atividade curativa e a atividade preventiva sempre podem causar danos e, às vezes, benefícios. Essa constatação não é niilista, mas simplesmente empirista. Os médicos não são onipotentes, por mais vontade e ciência que coloquem no exercício de sua profissão.

Nós, médicos, poderíamos ignorar os efeitos adversos de nossas intervenções, mas, se não reconhecermos os danos que provocamos, podemos terminar perdendo a confiança do paciente, que é a metade do poder da atividade do médico.

O médico possui enorme autoridade social devido à eficácia de suas atividades. A confiança do paciente e da população é lógica, por uma herança milenar de “curador”, que começa na pré-história e chega até nossos dias. Antes eram ...

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