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O processo de gastrulação caracteriza-se por uma série de movimentos e rearranjos das células embrionárias, originando uma larva ou estabelecendo o plano corporal adulto. Uma única camada de células – o blastoderma – origina três camadas germinativas: o ectoderma, o endoderma e o mesoderma. O endoderma e o mesoderma presuntivos, nos indivíduos triblásticos, deslocam-se da superfície do blastoderma e alcançam o interior do embrião, onde se desenvolverão os futuros órgãos originados dessas camadas. Formam-se, assim, os três folhetos germinativos: o ectoderma superficial originará a epiderme e o sistema nervoso; o endoderma, interno, originará o tubo digestório e as glândulas anexas, bem como o aparelho respiratório; e o mesoderma, camada intermediária, será responsável pela formação dos músculos, dos ossos e do tecido conectivo da maioria dos órgãos. Nos indivíduos diblásticos, como as esponjas e os celenterados, apenas dois folhetos se formam: o ectoderma e o endoderma.
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Os movimentos que ocorrem nessa fase de desenvolvimento criam novas formas e são conhecidos como movimentos morfogenéticos.
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A força primária para a ocorrência da gastrulação é fornecida pela mobilidade celular. Em alguns embriões, toda essa remodelagem ocorre com pouco ou nenhum aumento no número de células ou na massa celular total.1
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Nos ovos mosaicos (clivagem determinada), uma determinação muito precoce é estabelecida nos primórdios do desenvolvimento. O íntimo contato entre os blastômeros vizinhos não muda um plano já determinado; o destino prospectivo dos blastômeros é igual à sua potencialidade prospectiva. Nesse caso, os movimentos de gastrulação têm sua importância fundamentada não muito além de uma disposição topográfica adequada dos tecidos e órgãos em formação (ver Capítulo 8). Para os indivíduos regulativos (clivagem indeterminada), o significado da gastrulação vai muito além de um posicionamento topográfico adequado dos órgãos. Nesses indivíduos, os movimentos morfogenéticos da gastrulação possibilitam interações entre células e tecidos, para que o desenvolvimento possa prosseguir. Os processos de indução, fundamentais nos indivíduos regulativos, só ocorrem quando os contatos entre células e tecidos são feitos corretamente. Nos indivíduos autônomos, a ablação de um blastômero resultará no desenvolvimento do indivíduo sem a estrutura que lhe foi retirada. Se esse blastômero estrutural for implantado em outro indivíduo em estágio de desenvolvimento equivalente, a estrutura se desenvolverá de acordo com o que já estava programado (ver Capítulo 8). Nos indivíduos regulativos, a ablação de uma estrutura presuntiva permite, ao indivíduo original, a reestruturação do todo. Se a estrutura retirada ainda não estiver determinada e for implantada em outro indivíduo em fase equivalente de desenvolvimento, responderá de acordo com as novas circunstâncias de sua nova localização (ver Capítulo 8).
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A gastrulação envolve mudanças no comportamento do blastoderma, o qual, em algumas espécies, é constituído por uma simples camada de células e, em outras, por várias camadas. Durante esse processo, algumas células do blastoderma mudam de forma, fazendo toda a camada expandir, convergir ou dobrar. Outras células perdem a adesividade entre ...