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A abordagem a um paciente com doença cardiovascular (DCV) diagnosticada ou suspeita inicia com a anamnese e o exame físico dirigidos tradicionais. A abrangência dessas atividades dependerá do contexto clínico no momento da apresentação, variando de uma visita de acompanhamento ambulatorial eletiva a um atendimento mais urgente no departamento de emergência. Ao longo das duas últimas décadas, houve um declínio gradual nas habilidades e competências relacionadas com o exame físico em todos os níveis, desde os estudantes até os especialistas, algo que se tornou uma grande preocupação para os médicos e para os educadores da área médica. Os sinais e sintomas cardíacos clássicos são reconhecidos somente por uma minoria dos residentes de medicina interna e de medicina de família e comunidade. Contrariando a percepção popular, o desempenho clínico não melhora obrigatoriamente em função da experiência acumulada; ao contrário, o desenvolvimento de novas habilidades para examinar pode se tornar mais difícil para um clínico muito ocupado. Atualmente, dedica-se menos tempo ao ensino do exame cardiovascular durante o treinamento de estudantes e residentes. Um resultado muito conhecido dessa tendência é o progressivo excesso na utilização de exames de imagem não invasivos para determinar a presença e a gravidade de DCVs, mesmo quando os achados ao exame físico implicam baixa probabilidade pré-teste de haver doença significativa. Os proponentes do uso de equipamentos portáteis de ultrassonografia para identificar e caracterizar doença cardíaca estrutural têm defendido a sua incorporação nos currículos educacionais. As técnicas utilizadas para aprimorar as habilidades de exame à beira do leito incluem repetição, ensino centrado no paciente, feedback visual de eventos auscultatórios usando imagem ecocardiográfica com Doppler e treinamento baseado em simulação.
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A base de evidências que associa os achados obtidos na anamnese e no exame físico à presença, à gravidade e ao prognóstico de DCV foi estabelecida de forma mais rigorosa para doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e doença valvar cardíaca. Por exemplo, as observações acerca de frequência cardíaca, pressão arterial, sinais de congestão pulmonar e a presença de insuficiência mitral (IM) contribuem de forma importante para a avaliação de risco à beira do leito em pacientes com síndromes coronarianas agudas. Nesse cenário, as observações feitas a partir do exame físico podem embasar decisões clínicas antes de se conhecer os resultados das dosagens dos biomarcadores cardíacos. O prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca sistólica pode ser predito com base na pressão venosa jugular (PVJ) e na presença ou não de terceira bulha cardíaca (B3). A caracterização precisa dos sopros cardíacos fornece informações importantes acerca da história natural de muitas lesões valvares e cardiopatias congênitas. Por fim, o importante papel do exame físico na melhora da relação médico-paciente não pode ser subestimado.
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Qualquer exame se inicia com uma avaliação da aparência geral do paciente, com registro sobre idade, postura, atitude geral e estado geral de saúde. O paciente sente dor ou se mantém calmo em repouso, ...