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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA
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As alterações da consciência e as condições relacionadas de delírio, estado confusional agudo e encefalopatia aguda estão entre os distúrbios mentais mais comuns em pacientes cirúrgicos ou clínicos. A prevalência de alteração do sensório em pacientes hospitalizados é alta, com taxas relatadas de até 50%. Essas condições estão associadas com aumento das taxas de mortalidade, variando de 10 a 65%, e com excesso de gastos anuais em cuidados de saúde na faixa dos bilhões. Considerando a elevada incidência de alterações do sensório, há necessidade de uma compreensão, pelo menos básica, de fisiopatologia, diagnóstico e tratamento das etiologias comuns por todos os médicos.
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A consciência costuma ser definida como a experiência subjetiva do ambiente e da própria pessoa. Ela compreende dois componentes: alerta, que é o estado de vigília, e estado consciente, que é o estado de percepção dos fenômenos. Essa distinção é útil, pois os dois processos são dissociáveis. Por exemplo, um estado vegetativo se caracteriza por um paciente que está acordado (i.e., o córtex está alerta), mas que não está necessariamente acordado.
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O alerta é gerado pela atividade do sistema reticular ativador ascendente, que é composto por neurônios do tronco encefálico, porção central do mesencéfalo, hipotálamo lateral e porções do tálamo. As projeções disseminadas desses núcleos fazem sinapses com neurônios no córtex cerebral e geram uma resposta de alerta. As respostas de alerta definem o nível de consciência (p. ex., estar acordado, sonolento ou comatoso). Acredita-se que o estado consciente seja gerado por meio de redes que envolvem o tálamo e regiões corticais de associação nos lobos frontal, parietal, temporal e occipital. Os processos relacionados com o estado consciente definem o conteúdo da consciência (p. ex., ver um círculo azul ou um triângulo vermelho).
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Muitos termos são usados para descrever os níveis de consciência, variando de alerta a comatoso. O paciente alerta está acordado e responde imediatamente a todos os estímulos. O estupor é uma condição em que o paciente está menos alerta, mas ainda responde a estímulos. Um paciente embotado parece estar dormindo a maior parte do tempo, mas ainda responde ao estímulo doloroso. Um estado vegetativo é um estado de alerta sem consciência em que o paciente pode abrir os olhos, acompanhar objetos, mastigar e engolir, mas não responde a estímulos sonoros nem parece sentir dor (embora se saiba agora que o processo de dor ocorre no estado vegetativo). O paciente comatoso parece dormir e não responde a estímulos. Muitas vezes, os termos usados para a descrição dos estados da consciência não têm definições consistentes, e uma descrição clara do estado de alerta e de consciência de um paciente resulta em uma comunicação mais precisa.
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FISIOPATOLOGIA DA ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
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Em geral, as alterações da consciência podem surgir por causas fisiológicas, farmacológicas ou patológicas. Antes de abordar as causas ...