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As cirurgias nas glândulas suprarrenais são realizadas por hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma, hipercortisolismo (doença de Cushing ou síndrome de Cushing) e carcinoma adrenocortical. Essas condições costumam se caracterizar por hipersecreção de um ou mais dos hormônios suprarrenais. Menos comumente, a cirurgia pode também ser realizada por tumores não funcionantes ou metástases.
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ANATOMIA E PRINCÍPIOS CIRÚRGICOS
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O peso combinado normal das suprarrenais é de 7 a 12 g. A glândula direita encontra-se posterior e lateralmente à veia cava e superiormente ao rim (Fig. 33–1). A glândula esquerda encontra-se medialmente ao polo superior do rim, logo lateral à aorta e imediatamente posterior à borda superior do pâncreas. Uma característica cirúrgica importante é a notável constância das veias suprarrenais. A veia suprarrenal direita, com 2 a 5 cm de comprimento e vários milímetros de largura, emerge na parte anteromedial da glândula suprarrenal e conecta-se com a porção posterolateral da veia cava. A veia suprarrenal esquerda tem vários centímetros de comprimento e atravessa inferiormente a partir do polo inferior da glândula, unindo-se à veia renal esquerda após receber a veia frênica inferior. A drenagem venosa variante (veias múltiplas ou anômalas) ocorre em cerca de 5% das glândulas, sendo mais comum em feocromocitomas e tumores grandes. As artérias suprarrenais são pequenas, múltiplas e inconstantes. Elas costumam se originar da artéria frênica inferior, da aorta e do ramo polar superior da artéria renal.
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Com exceção de raros cânceres não secretores, as indicações para cirurgia suprarrenal resultam de estados de hipersecreção. O diagnóstico e o tratamento começam com a confirmação de um estado hipersecretor (i.e., medida por excesso de cortisol, aldosterona ou catecolaminas no sangue ou urina). Para determinar se o problema se origina na suprarrenal, os níveis do hormônio trófico em questão (i.e., hormônio adrenocorticotrófico [ACTH] ou renina) devem ser medidos. Se os níveis dos hormônios tróficos estiverem suprimidos e a secreção hormonal for excessiva, a secreção autônoma está comprovada. A próxima etapa, com exceção do feocromocitoma, é determinar o grau de autonomia, um processo que costuma diferenciar entre hiperplasias (que respondem à maioria, mas não a todos os mecanismos de controle) e adenomas e entre adenomas e cânceres. Em geral, os cânceres estão sob pouco ou nenhum controle por retroalimentação. Se o problema primário não estiver na suprarrenal, como na doença de Cushing, o tratamento deve ser dirigido para outros locais, quando possível.
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Os princípios fundamentais da cirurgia suprarrenal são os seguintes:
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Sempre que possível, o cirurgião deve ter certeza do diagnóstico e da localização da lesão antes de realizar a cirurgia;
O paciente deve estar completamente preparado para tolerar quaisquer problemas metabólicos causados pela doença ou pela cirurgia;
O cirurgião e a equipe multidisciplinar devem ser capazes de detectar e tratar qualquer crise ...