+++
DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA
++
O coração apresenta as mais altas taxas metabólicas quando comparado a outros órgãos. A maior parte da utilização do substrato energético é gasta durante a contração periódica incansável do miocárdio. O fluxo sanguíneo segue em uma velocidade de 1 mL/g de tecido cardíaco por minuto em repouso. Aumentos no consumo de oxigênio pelo miocárdio, via difosfato de adenosina e vasodilatação arteriolar mediada por adenosina, também podem resultar em um aumento recíproco do fluxo sanguíneo, de até cinco vezes o normal. Esse aumento do fluxo sanguíneo é acomodado pelo recrutamento de um extenso leito capilar do miocárdio, que tem aproximadamente 1 capilar por miócito. Entre 70 e 80% de todo oxigênio disponível é extraído do fluxo sanguíneo coronariano durante o repouso. Assim, as necessidades metabólicas do coração são rigidamente supridas pelo fluxo sanguíneo coronariano, uma vez que a extração adicional é limitada. Além disso, o fluxo sanguíneo pelas artérias do epicárdio do ventrículo esquerdo ocorre em fases. Durante a sístole cardíaca, a compressão extravascular de capilares intramiocárdicos diminui o fluxo coronariano durante a sístole, limitando, assim, a perfusão na fase diastólica do ciclo cardíaco. Isso é ainda mais pronunciado na região subendocárdica, em que as demandas de oxigênio do miocárdio são maiores, em razão do aumento da tensão na parede e maior encurtamento do sarcômero. Em função do elevado consumo de oxigênio pelo miocárdio, da restrição ao fluxo sanguíneo na diástole e do alto nível basal de consumo de oxigênio, o coração é particularmente suscetível à lesão isquêmica quando existe lesão obstrutiva das artérias coronárias epicárdicas.
++
O coração recebe seu suprimento sanguíneo pelas artérias coronárias direita e esquerda (Fig. 19–1). Esses vasos epicárdicos se originam como os primeiros ramos da raiz da aorta, em seus respectivos seios de Valsalva. A circulação coronariana é tradicionalmente dividida em três territórios ou regiões: região da artéria descendente anterior, região da artéria circunflexa (ramo da artéria coronária esquerda) e direita (a partir da artéria coronária direita). A dominância do coração se refere a qual artéria principal dá origem à artéria descendente posterior. Noventa por cento dos indivíduos são dominantes direitos, com a artéria coronária direita dando origem à artéria descendente posterior. Os restantes 10% tem dominância esquerda, com o ramo terminal da artéria circunflexa dando origem à artéria descendente posterior.
++++
A artéria coronária esquerda é chamada de tronco da artéria coronária esquerda. Após a sua origem no seio de Valsalva esquerdo, ela segue entre o apêndice atrial esquerdo e a artéria pulmonar. O tronco da coronária esquerda varia de comprimento, mas normalmente tem menos de 2 cm de comprimento. Ela se bifurca em dois ramos: a artéria descendente anterior (ADA) e a artéria coronária circunflexa. Em menos de 1% dos pacientes, o tronco é ausente, com a ADA e ...