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Da perda de audição ou hemorragia nasal (epistaxe) à cirurgia endócrina e ao tratamento especializado de emergências de via aérea, a otorrinolaringologia e a cirurgia de cabeça e pescoço são subespecialidades cirúrgicas que se concentram no tratamento de uma ampla variedade de distúrbios da cabeça e do pescoço. Como um colega disse certa vez, a “otorrinolaringologia trata de qualquer distúrbio acima da clavícula, exceto olhos, encéfalo e medula espinal”. Os limites inerentes a um único capítulo deste livro impede a cobertura de um campo tão amplo de forma mais abrangente. Portanto, este capítulo apresentará uma visão geral de processos selecionados de doenças em otorrinolaringologia que são importantes para um cirurgião geral em treinamento. Outras partes importantes da otorrinolaringologia, como os distúrbios endócrinos cirúrgicos do pescoço (p. ex., tireoide e paratireoide), a cirurgia plástica facial e reconstrutiva e o trauma facial esquelético, serão contempladas em capítulos separados.
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DISTÚRBIOS DA ORELHA, DOS SISTEMAS AUDITIVO E VESTIBULAR E DO OSSO TEMPORAL
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Anatomia e fisiologia
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A orelha externa consiste em duas partes: a aurícula, que se projeta da face lateral da cabeça, e o canal auditivo externo (CAE), que se projeta medialmente para a membrana timpânica. Funcionando como amplificadores de energia de ressonância de som, a concha da aurícula (Fig. 15–1) apresenta frequência de ressonância de aproximadamente 5 KHz, e o CAE apresenta frequência de ressonância de aproximadamente 3,5 KHz. Combinados, a orelha externa amplifica o som em aproximadamente 10 a 15 dB, em uma variação de 2 a 5 KHz.
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A membrana timpânica está posicionada em um plano oblíquo, separando o CAE da orelha média. Ela funciona transformando a energia acústica das ondas de som em energia mecânica, a qual é transmitida pelos ossículos – martelo, bigorna e estribo – até a janela oval da cóclea. Os mecanismos da orelha média amplificam ainda mais a energia do som por meio de dois métodos. Primeiro, a membrana timpânica é aproximadamente 17 vezes maior do que a platina do estribo; segundo, os ossículos atuam como uma alavanca, fornecendo vantagem mecânica de 1:1,3 da membrana timpânica até a janela oval. Combinados, o resultado é um ganho de 25 a 30 dB em amplificação.
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O osso temporal abriga a porção óssea do CAE, a orelha média e a orelha interna. A parte petrosa do osso temporal, o osso mais duro do corpo humano, abriga a orelha interna. Outras estruturas importantes que passam pelo ou adjacentes ao osso temporal incluem a artéria carótida, a veia jugular e o nervo facial (sétimo nervo craniano). Todas essas estruturas estão em risco de lesão em um trauma do osso temporal.
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A orelha interna consiste na cóclea, que é um órgão sensitivo auditivo e vestibular. O sistema ...