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EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA
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Como uma “doença”, o trauma é um grande problema de saúde pública. Nos Estados Unidos, é a principal causa de morte de pessoas com idades entre 1 e 45 anos de idade. Para os indivíduos com menos de 30 anos, o trauma é responsável por mais mortes do que todas as outras doenças juntas. Como o trauma afeta adversamente a população jovem, ele resulta na perda de mais anos de trabalho do que todas as outras causas de morte. A presença do álcool é um contribuinte significativo para os traumas fatais, e um terço das mortes no trânsito está relacionado ao álcool. O custo financeiro dos traumatismos é assustador e excede 400 bilhões de dólares anualmente. Lamentavelmente, quase 40% de todas as mortes por trauma poderiam ser evitadas com medidas preventivas de traumatismos (50% dos passageiros mortos não estavam utilizando dispositivos de contenção), com a não ingestão de álcool e com o estabelecimento de sistemas de atendimento ao trauma regionais que acelerariam a avaliação e o tratamento de pacientes gravemente feridos.
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As mortes por trauma apresentam distribuição trimodal (Fig. 13–1), com os picos correspondendo aos tipos de intervenção que seriam mais eficazes na redução da mortalidade. O primeiro pico, mortes imediatas, representa os pacientes que morrem em decorrência de suas lesões antes de chegar ao hospital. As lesões responsáveis por essas mortes incluem grandes traumatismos cranianos ou da medula espinal e traumatismos com grandes hemorragias. Alguns desses pacientes não teriam qualquer chance de sobrevida, mesmo com acesso a cuidados imediatos, porque quase 60% dessas mortes ocorrem no mesmo momento da lesão. A prevenção permanece como principal estratégia para reduzir essas mortes.
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O segundo pico, mortes precoces, ocorre nas primeiras horas após a lesão. Metade dessas mortes é causada por hemorragias internas e a outra metade, por lesões do sistema nervoso central. Quase todas essas lesões são potencialmente tratáveis. Entretanto, na maioria dos casos, o salvamento exige cuidados imediatos e definitivos como os disponíveis em centros de trauma, instituições especializadas que podem fornecer reanimação imediata, identificação das lesões e acesso à sala de cirurgia 24 horas por dia. O desenvolvimento de sistemas de atendimento ao trauma bem-organizados, com transporte rápido e cuidados orientados por protocolos, pode reduzir a mortalidade nesse período em 30%.
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O terceiro pico, mortes tardias, consiste em pacientes que morrem dias ou semanas após a lesão. Dez a 20% de todas as mortes por trauma ocorrem nesse período. A mortalidade para esse período é tradicionalmente atribuída à infecção e à falência múltipla dos órgãos. Entretanto, o desenvolvimento de ...