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O estado hídrico, a homeostasia eletrolítica e o equilíbrio acidobásico são parâmetros clínicos de significado decisivo em pacientes cirúrgicos. É essencial conhecer a fisiologia normal e a fisiopatologia relacionada a esses parâmetros.
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LÍQUIDOS E ELETRÓLITOS
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Os pacientes cirúrgicos apresentam alto risco de distúrbios da distribuição corporal de água, da homeostasia de eletrólitos e da fisiologia acidobásica. Essas alterações podem ser secundárias ao trauma, a condições clínicas preexistentes que alteram a fisiologia normal ou à natureza da cirurgia.
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COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPORAL
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A água representa 45 a 60% da massa corporal total. Em qualquer indivíduo, esse percentual é influenciado pela idade e pela massa magra corporal; assim, o percentual é maior nos homens do que nas mulheres, nas crianças do que nos adultos, e em pessoas de hábitos corporais normais do que em obesos (Tab. 9–1). Dois terços do conteúdo de água corporal total (ACT) − 30 a 40% da massa corporal – são intracelulares; o terço restante – 15 a 20% da massa corporal total – é extracelular. O líquido extracelular é distribuído em dois compartimentos, com 80% (12–16% da massa corporal total) ficando no compartimento intersticial e 20% (3–4%) no compartimento extravascular. Um quinto do líquido intravascular é proximal às arteríolas, enquanto os quatro quintos restantes são distais às arteríolas.
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Os compartimentos intracelular, intersticial e intravascular contêm, individualmente, líquidos caracterizados por perfis de eletrólitos muito diferentes (Fig. 9–1). O principal cátion intracelular é o íon potássio (K+), enquanto o principal cátion extracelular é o íon sódio (Na+). Não só o perfil eletrolítico, como também a composição proteica dos líquidos diferem: os cátions intracelulares são eletricamente equilibrados, sobretudo pelo íon poliatômico fosfato (PO43−) e por proteínas com carga negativa, enquanto os cátions extracelulares são equilibrados, sobretudo pelo íon cloreto (Cl−). O líquido intravascular tem concentração relativamente maior de proteína e menor concentração de ácidos orgânicos do que o líquido intersticial. Essa concentração mais alta de proteína, principalmente de albumina, é a principal causa da elevada pressão osmótica coloidal do soro que, por sua vez, é o principal regulador da distribuição de líquidos entre os dois compartimentos extracelulares. A relação existente entre a pressão osmótica coloidal e a pressão hidrostática controla o movimento de água através da membrana capilar e é modelada pela equação de Starling.
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