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PERDA EPISÓDICA DA CONSCIÊNCIA
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A consciência é perdida quando a função de ambos os hemisférios cerebrais ou do sistema reticular ativador do tronco cerebral está comprometida. A disfunção periódica dessas regiões anatômicas leva a uma perda transitória e em geral recorrente da consciência. Existem duas causas principais de perda episódica da consciência.
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As convulsões caracterizam-se por sinais e sintomas neurológicos temporários, que resultam em atividade elétrica neuronal anormal, paroxística e hipersincrônica no córtex cerebral.
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Síncope é a perda de consciência decorrente de uma redução do suprimento sanguíneo dos hemisférios cerebrais ou do tronco cerebral. Isso pode ser decorrente de hipoperfusão pancerebral, causada por reflexos vasovagais, hipotensão ortostática, diminuição da ejeção cardíaca, ou de hipoperfusão seletiva do tronco cerebral, que resulta de uma isquemia vertebrobasilar.
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É importante distinguir entre convulsões e síncope, pois ambas as condições podem ter causas diferentes, assim como abordagens diagnósticas e tratamentos diferentes.
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ABORDAGEM AO DIAGNÓSTICO
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O passo inicial na avaliação de um paciente que apresentou perda de consciência é determinar o cenário no qual ocorreu o evento, se houve sinais ou sintomas associados sugerindo que a perda da consciência foi resultado direto de uma doença que requer atenção imediata, como hipoglicemia, meningite, traumatismo craniano, arritmia cardíaca ou embolia pulmonar aguda. O número de crises e sua semelhança ou diferença devem ser estabelecidos. Se todas as crises forem idênticas, pode-se pressupor um processo patológico isolado. As principais características diferenciais devem ser verificadas.
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EVENTOS NO INÍCIO DA CRISE
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Sintomas prodrômicos (aura)
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Deve ser feita uma investigação detalhada sobre sintomas prodrômicos e iniciais. Uma testemunha é fundamental. Os breves sintomas premonitórios estereotipados (aura) no começo de algumas convulsões podem localizar a anormalidade do sistema nervoso central (SNC) responsável pelas convulsões. Nota-se que pode ocorrer mais de um tipo de aura em determinado paciente.
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Postura do paciente no momento da perda de consciência
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A hipotensão ortostática e o desmaio simples podem ocorrer na posição em pé ou sentada. Os episódios que também ocorrem ou que só acontecem na posição deitada sugerem convulsão ou arritmia cardíaca como causa provável, embora a síncope induzida por estímulos emocionais fortes (p. ex., flebotomia) também possa ocorrer na posição deitada.
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Relação com exercício físico
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A síncope induzida por exercício físico costuma ser decorrente de obstrução do fluxo cardíaco (p. ex., estenose aórtica, miocardiopatia hipertrófica, mixoma atrial) ou arritmias.
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Sintomas motores ou sensoriais locais
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Fenômenos motores ou sensoriais (p. ex., movimento involuntário de uma mão, parestesias hemifaciais ou desvio forçado da cabeça) sugerem uma convulsão que se origina no córtex frontoparietal contralateral.