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A esta altura do livro, temos certeza de que vocês, como leitores, gostaram da ênfase em diagnóstico. De fato, o esteio da genética clínica é ainda a identificação da etiologia e da patogenia de distúrbios específicos. Entretanto, à medida que a prática da genética clínica progrediu, também progrediram os avanços nas terapias. Hoje há várias modalidades de tratamentos genéticos disponíveis. Até pouco tempo atrás, no entanto, a maioria dos tratamentos fornecidos por médicos geneticistas envolvia principalmente o aconselhamento e tratamentos sintomáticos. O tratamento de erros inatos do metabolismo (EIMs) remonta à década de 1960. Esses tratamentos envolviam ajustes na dieta, fórmulas especializadas e suplementação com vitaminas/cofatores. Mais recentemente, tornaram-se disponíveis o transplante de tecido e as terapias de reposição enzimática. Novas modalidades de tratamento foram desenvolvidas para doenças não metabólicas. Biofármacos são hoje mais comuns. Outras opções de tratamento como estratégias de medicina personalizada, clonagem de tecidos, correção gênica e terapia gênica aguardam a transição de ensaios clínicos em cuidados médicos padrão. Na primeira seção deste capítulo, discutiremos os mecanismos dos diferentes modos de terapias genéticas. Na segunda seção, discutiremos a aplicação clínica destas terapias.
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PARTE 1: CONHECIMENTO E INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS
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O QUE SÃO TERAPIAS GENÉTICAS?
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Em um sentido mais amplo, as terapias genéticas podem incluir qualquer tratamento ou intervenção médica para distúrbios genéticos. Alternativamente, podem incluir um tratamento que utiliza uma tecnologia de base genética independentemente da etiologia da doença. Assim, poder-se-ia propor que uma cirurgia de substituição aórtica para um paciente com síndrome de Marfan fosse classificada como uma “terapia genética”. Da mesma forma, um tratamento com anticorpo monoclonal para câncer ou esclerose múltipla poderia ser considerado uma “terapia genética”. Uma definição mais restrita de “terapia gênica” incluiria apenas aqueles tratamentos nos quais há manipulação real do DNA do paciente para produzir uma resposta terapêutica. Para os propósitos deste capítulo, buscaremos um meio termo entre um e outro caminho.
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“TERAPIAS” CONVENCIONAIS
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A disciplina da genética clínica começou a emergir na década de 1960. O papel do geneticista clínico, naquela época, era principalmente diagnóstico. Os testes genéticos eram altamente limitados aos estudos de bandeamento-G cromossômico de baixa resolução (400 bandas) e a um punhado de testes metabólicos. Da mesma forma, não havia nenhuma terapia molecular. O geneticista clínico atuava principalmente realizando diagnósticos. Além do diagnóstico, o geneticista tinha um número limitado de modalidades nas quais “tratar” o paciente era possível. Ao longo do tempo, os tipos de papéis que um geneticista exerce se expandiram muito. Atualmente, a maioria dos geneticistas clínicos trabalha em um ambiente primariamente acadêmico. Ainda assim, há um crescente número de geneticistas clínicos em clínicas privadas ou trabalhando como membros de equipes de especialistas como uma grande clínica pediátrica na qual praticam pediatria, mas manejam os pacientes genéticos para o grupo.
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Acompanhamentos específicos
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