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A capacidade de obter imagens do coração e dos vasos sanguíneos de modo não invasivo foi um dos maiores avanços na medicina cardiovascular desde o desenvolvimento do eletrocardiograma (ECG). As imagens cardíacas complementam a anamnese e o exame físico, os exames laboratoriais e os testes com esforço no diagnóstico e na condução de pacientes com a maioria das doenças do sistema cardiovascular. Os exames de imagem cardiovascular modernos são formados por ecocardiograma (ultrassonografia cardíaca), cintilografia nuclear, incluindo tomografia por emissão de pósitrons (PET, de positron emission tomography), ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC). Esses exames, geralmente utilizados em conjunto com testes de esforço, podem ser usados de forma independente ou combinada dependendo das necessidades específicas para o diagnóstico. Neste capítulo, são revisados os princípios dessas modalidades e a utilidade e os benefícios relativos de cada uma para as doenças cardiovasculares mais comuns. Ver também Capítulo A8, “Atlas de exames de imagem não invasivos em cardiologia”.
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PRINCÍPIOS DA IMAGEM CARDÍACA DE MÚLTIPLAS MODALIDADES
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Na ecocardiografia, utilizam-se ondas sonoras de alta frequência (ultrassom) para penetrar no organismo, sofrer reflexão nas estruturas relevantes e gerar imagens. Os princípios básicos da ecocardiografia são idênticos aos de outros tipos de imagem obtidas com ultrassom, embora os aparelhos e os programas sejam adaptados para a estrutura e a função cardíacas. Os primeiros aparelhos de ecocardiografia produziam ecocardiogramas em “modo M”, no qual um único feixe de ultrassom era mostrado ao longo do tempo sobre uma folha de papel em movimento (Fig. 236–1, à esquerda). Os aparelhos modernos de ecocardiografia utilizam transdutores com estrutura em fase que contêm 512 elementos e emitem ultrassom em sequência. O ultrassom refletido é, então, captado pelos elementos receptores. Um “conversor” utiliza a informação sobre o momento e a magnitude do ultrassom refletido para gerar uma imagem (Fig. 236–1, à direita). Essa sequência ocorre repetidamente em “tempo real” para gerar imagens em movimento com velocidade de apresentação geralmente superior a 30 quadros por segundo, mas pode exceder 100 quadros por segundo. Os elementos da escala em cinza indicam a intensidade do ultrassom refletido; líquidos ou sangue aparecem em preto, e estruturas altamente reflexivas, como calcificação nas valvas cardíacas ou o pericárdio, aparecem em branco. Tecidos como o miocárdio aparecem mais cinzentos, e tecidos como o músculo apresentam um padrão salpicado específico. Embora o ecocardiograma em modo M tenha sido em grande parte superado pelo ecocardiograma bidimensional (2D), ainda é usado em razão de suas altas resolução temporal e acurácia para realizar medições lineares.
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